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Visita do Vaticano ao CERN abriu novos canais de diálogo entre fé e ciência

Leia em PDF terça-feira, 10 de setembro de 2013

A recente visita de uma delegação do Vaticano ao CERN - Organização Europeia para a Investigação Nuclear , um dos maiores centros de pesquisa científica do mundo - abriu um importante canal de comunicação entre a ciência e a fé, afirmou o observador permanente do Vaticano nas Nações Unidas, em Genebra, D. Silvano Tomasi.
Da delegação que a 3 de Junho visitou o maior túnel acelerador de partículas do mundo  fizeram também parte o cardeal D. Giovanni Lajolo, presidente da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano, o padre José Funes, s.j, director do Observatório da Vaticano, e o astrónomo Guy Consolmagno, s.j., também a trabalhar no Vaticano.

O director-geral do CERN, Rolf-Dieter Heuer, pretendeu que o Vaticano conhecesse o laboratório “porque quis que a visita fosse uma maneira de estabelecer um contacto com a Santa Sé”, referiu D. Tomasi.

A ideia da visita ao CERN partiu de Ugo Amaldi, presidente da Fundação TERA, que colabora intimamente com o laboratório europeu na pesquisa do tratamento do cancro, especialmente nas crianças.

Os cientistas que estudam o universo fazem muitas das perguntas que são colocadas pelos teólogos, como, por exemplo, o significado da vida, referiu D. Tomasi. Contudo, os métodos usados para responder a essas questões são radicalmente diferentes, colocando-os em “dois mundos completamente diferentes”, acrescentou o prelado. “Não há hostilidade entre os dois, mas é necessário conversar acima desta fronteira e ver como o conhecimento humano pode avançar.”

Na declaração que abriu uma mesa redonda sobre o diálogo entre fé e ciência, que ocorreu a 3 de Junho, D. Lajolo declarou que as verdades científicas e teológicas nunca se podem contradizer, dado que ambas “derivam da mesma fonte, que é Deus”. O cardeal citou S. Roberto Belarmino, o Doutor da Igreja que se envolveu na investigação de Galileu Galilei. Se uma declaração científica é evidentemente verdadeira e não se encontra em absoluta conformidade com a Bíblia, é necessário investigar “como é que a Escritura pode ser correctamente interpretada para não contradizer a verdade científica”. Para D. Lajolo, esta afirmação continua aplicar-se hoje na relação com os factos científicos.

A Igreja Católica defende a razão e a verdade, e é por isso que ela “reconheceu mais tarde a tese científica defendida por Galileu e o erro cometido na sua condenação”, acrescentou o responsável do Vaticano.
Em relação à visita, D. Tomasi declarou que “foi estabelecido um bom canal de comunicação” com o CERN e os seus cientistas, incluindo os que não acreditam em nenhuma religião.

O director da organização europeia foi convidado a visitar o Vaticano, mas ainda não foi estabelecida uma data para o encontro.

Espera-se que o túnel acelerador de partículas volte a trabalhar em Setembro, depois dos problemas ocorridos durante os primeiros testes, realizados no último Outono.
 fonte
SERÁ A IGREJA INIMIGA DA CIÊNCIA?
Em 16 de outubro de 1978 ele foi eleito Papa, e em 22 de outubro seu pontificado foi inaugurado (essa, inclusive, foi a data que Bento XVI escolheu para a festa litúrgica de seu predecessor). Acho que, no âmbito da relação entre ciência e fé, o texto mais conhecido do pontífice é o seu discurso de 1996 em que fala da evolução  (O site do Vaticano não tem uma tradução para o português, só para espanhol, francês  e italiano ), mas achei na galeria de fotos da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern) estas imagens interessantíssimas, da visita que João Paulo II fez à sede da instituição 30 anos atrás, em junho de 1982:

 João Paulo II foi presenteado com um modelo feito no Cern e que reproduz uma interação próton-antipróron.
 Entre os cientistas que o Papa encontrou no Cern estava o físico Victor Weisskopf. Ex-diretor-geral do Cern e membro da Pontifícia Academia de Ciências, Weisskopf liderou, em 1981, uma equipe de cientistas enviados pelo Papa para pedir a Ronald Reagan a proibição das armas nucleares, uma luta particular do físico, que havia colaborado no Projeto Manhattan, que criou a bomba atômica norte-americana durante a Segunda Guerra Mundial. Na foto ainda estão Sam Ting e Antonino Zichichi.
 a ocasião, o Papa recebeu explicações sobre as pesquisas que estavam sendo desenvolvidas no Cern, a instituição que, 30 anos depois, encontraria o bóson de Higgs.
 O Papa ainda fez um discurso aos funcionários e cientistas do Cern e seus familiares, em que ressaltou a importância do trabalho desenvolvido pela instituição.
 João Paulo II ouve a explicação de Herwig Schopper, diretor-geral do Cern.
A visita de João Paulo II ao Cern foi parte de sua viagem pastoral a Genebra. (Fotos: Cern / Divulgação)
E recomendo a leitura do ótimo discurso  que João Paulo II fez durante essa visita ao Cern; na verdade, ele merece um comentário mais aprofundado, mas que terá de ficar para outra ocasião


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